quinta-feira, 24 de março de 2011

Poema visual




És o “poema visual” que a minha alma ousou escrever...
Naquele tempo vicioso nas costas do vento…
Arrisquei num louco desenho de terra e mar fundidos num beijo só…
O vento correu e fugiu de mim na promessa de união…

Eis que te olho pela primeira vez meio incrédula…
Eis que te toco e os meus medos estremecem…
Eis que as emoções se fundem a cada partilha d’olhar…

As máscaras caem…
Os medos rendem-se…
Entrego-me a ti num gesto só…
És não mais que o meu amor eterno…

Perdoa-me se silencio aquilo que me reina no peito…
Shhh… eles não te podem roubar de mim…
Perdoa-me se temo que desvaneças como um sonho perfeito...
Shhh… tudo na vida tem um tempo e a ti quero-te para sempre…
Perdoa-me se as lágrimas que nascem não chegam a cair…
Ardem-me no peito e rasgam-me a pele em segredo…
És o meu sonho ousado…
És o risco que já abracei…
És o poder que a vida tem sobre mim…

Se um dia me quiserem destruir sabem onde atacar…
Nunca antes me senti tão nua aos olhos do mundo…
A minha felicidade e paz gritam bem alto sem eu dar conta…
Escondo o meu corpo no teu e só assim faz sentido…
Tempo…
Meu inimigo de outrora é hoje meu aliado…
Corre depressa e ofegante…
Limita existências e impõe ritmo de vida…
Ao adormecer ainda estás ali junto a mim…

O tempo faz-me sorrir…
Nos meus sonhos continuas lá…
O tempo não surte efeito…
Ao acordar ainda existes…
O tempo não tem poder sobre nós, os intemporais.

Os intemporais…
Os loucos que ousam amar…
Que amam os reflexos sublimados da vida…

Amo como dás história e vida a cada objecto inanimado…
Amo esse olhar de menino guerreiro de emoções…
Amo o calor que nos une e funde…
Amo o teu toque que me faz tua, só tua…

És Príncipe Encantado do mundo dos sonhos…
És ---------, o amor do meu mundo…
Com passinhos de veludo (jeito de Balú)…
Chegaste a mim e tocaste-me…

A minha alma deu a mão à tua…
… o nosso tempo nasceu e fez-me sorrir *

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A despedida de um começo


Os olhares não se tocam…

As palavras mascaram-se…

Escondem-se os rasgões d’alma…


A corrida dos dias não pára…

Persigo os meus passos…

Amanhã será o primeiro dos dias…

Aquele em que me vou reconhecer e abraçar…


Ninguém ousa criar gestos vivos…

Condenações conscienciosas de viver…

Todos correm ninguém vê…

Todos gritam ninguém ouve…


Tudo gira…

Nada pára…

Nada se funde…

Nada se cria…

Jogo de egoísmos cruzados…

De infernos híbridos…

Interstícios de fantasmas vivos…


Mascaro-me e fujo de mim…

Quero sobreviver a este jogo demente…

Cubro-me de nojos e grito em silencio…

Quero matar essa tua voz que condena a criação…

Quero sangue vivo nesta tela social…

Quero dor para ter rasgos de sensações…

Quero brilhos de olhares de revolta…

Quero que me repudiem após me olharem…

Não quero que me amem de costas voltadas…

Esse amor de vidro… a mim não me toca…


Quero criar desenhos loucos e admirá-los todos os dias da minha vida…

Queimar os meus olhos neles será o despertar de sempre…

Naquela cor proibida do segredo maldito…


É lá que me vou encontrar…

E tu já olhaste para alguém hoje?




Adhara

02:05



sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sentimento vivo


Relevos de uma voz de sempre…
Adormecida no seu monótono contorne…
Oscilações animadas, viciadas e acorrentadas a uma causa-efeito prevista…

Anseio quebras que me condenem a rasgos d’emoção…
Sonho lágrimas que irão mutar e moldar o meu rosto cansado…
Prevejo sorrisos de vida e renascimento…

Apenas sei que o negro que carrego no peito vai morrer no caminho…

Quero o dia de amanhã como se fosse o primeiro…
Quero lutar na batalha perdida…
Quero vencer a invisível das vontades…
Quero sentir o último fôlego do gesto interrompido…
Quero sufocar as impossibilidades…
Quero multiplicar-me e encontrar-me de uma vez só…

Que ânsia de viver esta que chama por mim…
Quero saborear o vento na morte do relógio galopante…
Quero sentir esse mar com a minha virgem pele…
Quero soltar os loucos horizontes adormecidos…

Hoje é tempo de vida…
Quero agarrar-me e igualar-me à soma dos meus sonhos ousados e suícidas…
Que o tempo me tome…
Que a vida me agarre…
Que me tentem matar a vontade…
Que morram nessa tentativa…

Que sentimento vivo, este que hoje sinto em mim…
=)


Adhara
28/08/09
16:50

O tal amor...


- A M O R -

Conceito proibido ou sentimento desconhecido?…
Morto de fato vermelho rasgado…
Grito de guerra das ilusões animadas a dois…
Sombra proibida daqueles que ainda sagram o tempo correu…

Na sua espiral mutante…
Perdi-me no seu fim e esqueci o seu início…
Mutações d’ontem pintaram a máscara viva de hoje…

Abracei a demência solitária…
Conquistei a mestria da palavra redonda…
Hoje nada mais sei que descrever a loucura que me move…

A dormência dos meus gestos adormece os meus dias…
O meu corpo morto arrasta a procura de uma vida…
O sonho demente desenhou o oásis de emoção no qual mergulhei…
Apelidei-o de amor por querer sentir hoje e não amanhã…
Tudo aquilo que se lia e via nos filmes de antigamente…

Aquele fogo de gesto único e eterno…
Aquela pertença d’alma…
Aquela intensidade insane e proibida…
Aquele abraço único que quebra o tempo…

Mas o tempo foge-nos das mãos, a outros pertence…
Entreguei-me cedo ao oásis que não me pertencia…
Todos os meus sonhos de menina morreram naquelas areias vermelhas…
Porque numa ode perfeita ao amor, quis enganar a minha alma…
Fechei os olhos, criei a ilusão perfeita e chutei o tempo…

Foi naquele dia de chuva que me quebrei…
Não mais as palavras de mel me salvariam…
Os oásis secam, dilaceram os corações dos que loucos que tudo querem…

Sonhadora sempre fui…
Louca apressada pela sensação de te sentir…
Quis desenhar a obra de uma vida, quando ainda não sentia as minhas cores…

Os relevos que hoje brilham em mim…
Nada mais são que sombras de lágrimas vermelhas…
Essa essência do amor que jurei sentir…
De alma dormente e pele adormecida…
Vivo espectadora das personagens animadas…

Escrevo e reescrevo sobre dores e pesares d’ontem…
Culpas antigas e revividas a cada dia…
Sem entender a temporalidade da minha existência….
Viverei sempre nesta inquietude agitada…

Quis dar o passo de uma vida de uma vez só…
Por temer esse tempo que corre sem olhar para trás…
Hoje sem que sem ti nunca conseguirei dá-lo…

Serás tu que irás despertar a minha pele morta de hoje…
Que irás dar cor à minha máscara…
Prova-me que tudo não passou de um labirinto de horror…
Diz-me que não passa de um sonho distante de loucos enamorados…

Conceito morto ou vivo não sei precisar…
Chamem-lhe o que quiserem, ódio até…
Ódio que sinto, ao que a minha pele reclama...
Insanidade talvez, por acreditar num mito desconhecido…

Como os loucos dizem…
Um dia quero amar-te…


Adhara
01:41
26/08/09

As loucuras de sempre...


De entre todas as loucuras elegi a minha…
Sem passo certo ou ideia fixa…
Agarrei-a e hoje vivo por ela…
[tentativa inóspita esta de tentar ser feliz…]

Não ousei no sonho…
Não quis vencer a velocidade…
Não quebrei o medo das loucuras da terra e do ar…
Não dei palco à minha voz ou casa às minhas palavras…
Não prendi as memórias num papel de fotografia amachucado…
Não quis ter cor para não ser um alvo vermelho…
Não quis mais do que a minha sombra quieta permitia neste tempo…
Não ousei sequer acreditar em mim…
Não ousei olhar para ti uma segunda vez…

Vivi criando traços redondos no que os meus olhos abraçavam…
Cresci imaginando histórias que não a minha…
O meu corpo descansa num tempo que não lhe pertence…
A minha alma pede quebra de inércia deste corpo que rejeita…

Acreditei cedo demais…
Quando ainda não reconhecia a mentira da face…
Quebrei-me antes de construir a verdade…
Talvez por isso tenha guardado os sonhos de papel para depois…
Guardei-os tempo demais…
Hoje são maiores que eu e engolem-me a cada segundo…

Não consigo mais descansar ou parar…

Nesta fuga d’emoções sinto-me tão longe da minha loucura…
Tremo na sequenciada procura da minha essência…
Existem rochas azuis sobre a minha negra demanda…

Terei eu perdido a capacidade de me libertar?
Os olhares indiscretos, hoje são avaliados e pesados de imediato…
Não deixo que sombras pairem sobre os meus pensamentos…
Se tu és uma sombra, de certo fugirei de ti…
Não mais vou cair em crenças de menina que acredita…
Máscaras de lágrimas protegem-me do que não consigo controlar…
O que me destruiu, hoje protege-me…
Hoje me isola…
Hoje me aparta do sonho…
Hoje me asfixia…

Se o fogo que te grita ultrapassa o que o teu coração transparece…
Não mais poderei unir o meu gesto ao teu…
Pois anseio gritos ímpares, assimetricamente loucos…

No meu tempo passado relativo…
Errei temendo o que se assemelha às sombras hoje reconhecidas…
Hoje o gesto está sublimado, crescido e feroz…
Ninguém sabe reconhecer o meu medo inseguro…
Pintam-me com cores que não as minhas…
Gritam pelo pior que mora em mim…
Fazem explodir a dor d’ontem em vez do sentimento de hoje…

Caminho para trás…
Até onde não me possam tocar mais…
Hoje temo o dia de hoje, de amanhã, pelo dia d’ontem…

Queria tanto que me lessem…
Não qualquer um que pensa saber ler…
Tu, sim queria que me lesses…

Pára de me catalogar…
De me limitar a um molde no qual não nasci…
Somos tão disformes, porque não aceitá-lo de uma vez?

Os meus defeitos ganham terreno dia para dia…
Não permito um salto largo…
O nervosismo, a ânsia consomem-me…
Não sei pelo que tanto corro…
Mas o sangue já se manifesta na minha boca…
Sem conseguir cair em teus braços corro mais um pouco…

Sempre as mesmas espirais…
Sempre os mesmos motivos de blá blá blá…
Estou farta das minhas queixas de menina adormecida…
Cansei de esperar que me aceitem sem que eu me aceite…
Eu não vou gostar do meu reflexo neles, mas sim do meu reflexo em mim mesma…
Deixemos os fantoches que amo viver a meu lado até que um dia despertem…

Que o tempo corra…
Que as lágrimas se chorem…
Que os sonhos se realizem…
Que se quebre o tempo e se solte a emoção…

Desculpa meu amor…
Hoje não escrevo sobre ti…
Ou sobre tudo o que sinto e desespero sentir contigo…
Hoje não esperes por mim…
Vou descansar num sono profundo, para amanhã viver acordada…
Hoje … deixei de correr no teu “encalço”…
Vou amar a minha loucura…

Hoje sinto que a minha loucura é não mais do que tentar a cada dia ser feliz…
Como os guerreiros que amam…
Como os tolos que pensam amar…
Como os que nada sabem e pensam tudo saber…
Como os ocos e como os plenos…

Quero saborear na minha boca cada emoção…
É isso que prometo a mim mesma…
Uma oportunidade de tudo…
Sinto-me pequenina de novo…
Porque no fundo aquele mar trouxe-me de volta…

Pois ele gritou tudo por mim…
Todas as preces esquecidas…
Todos os gritos silenciados…
Todas as lágrimas ganharam vida na sua imensidão…

Sinto-me simplesmente liberta…
É como me sinto, nada mais.


01:43
21/09/09

- Adhara -




terça-feira, 2 de dezembro de 2008

mundos


Neste mundo adormecido…
Reino dos cegos mudos da emoção…
Queima o código de honra desta prisão d’almas…
Onde os gestos só podem estar cheios de nada…
Onde as vozes não descrevem a sensação…
Onde os corpos perderam a alma…

Encruzilhadas de jogos perdidos…
Todos o jogam sem porquês…
Porque os dias se multiplicam sem doer…
Basta sobreviver, basta sobreviver…
Porque este é um voo solitário e ai de quem sonhar…

Tu e eu quebrámos o código dos demais…
Ousamos num sonho louco, que sentimos como fé…
A nossa certeza, a nossa loucura…
O nosso abraço, a nossa sensação…
Embalo de ontem, de hoje, de amanhã…

Sempre te senti no vento…
No silêncio inocente daqueles rochedos selvagens…
Sempre te senti no mar…
No rasgo de azul que me roubava confissões…
Sempre te senti no silêncio da minha noite…
No eco do meu choro inanimado de esperança…
Sempre te senti, mas um dia desisti… um dia desisti…

Na viagem dos dias soltos…
Queimei a esperança…
Quebrei-me em mil, amordacei o sonho…
Deixei de acreditar que a tua luz me iria tocar…

Eis que chegas, me abraças, me tomas…
Eis que a vida permite o sonho…
Eis que os gestos largos saem da sombra…
Eis que numa cumplicidade d’almas voltamos a voar…
Eis que nos afastamos desta gravidade banal…

Prendi-me à luz do sonho de sempre…
À luz que hoje me reina e comanda…
Por nós rasguei a minha pele…
Rasguei o frio que envolvia o meu abraço…
Enfrentei medos e fantasmas animados de cinza…

Jogamos um xadrez perfeito contra o mundo…
Porque unimos pensamentos, forças e sonhos…
Numa perfeita simbiose animada por um sonho respirado…

És a gigante que me roubou…
Que me possui e me tem em simultâneo…
Estou na palma da tua mão…
De peito aberto…
Tão tua...
Tão tua…

Mata-me agora se assim tiver de ser…
Arranca de mim a inocência que resta…
Mata-me agora se amanhã eu for desequilíbrio…
Porque as tuas lágrimas choro-as eu…
Mata-me agora porque não consigo ver-te rendida…
Antes da tua luz se render…
Mata-me mas abraça-me uma última vez…
Uma última vez que será como se fosse a primeira…
Porque a eternidade conquistou o nosso olhar…

Vida tortuosa e macabra…
Esta que sempre me arrancou sonhos e horizontes…
Que plano das trevas toma forma perante mim…

Não é uma forma, um cheiro, uma presença…
É sim um medo vermelho…
Esse que me enlouquece, que me faz ver-te partir dos meus dias…
Medo animado de tremor com lágrimas caladas…

Não posso eu quebrar o teu equilíbrio…
Não posso eu pousar a minha inconsciência momentânea nos teus ouvidos…
Não posso ou sacrifico aqui e agora a minha alma…
Rasgo os pulsos que te podem condenar…
Juro-te protecção guerreira…
Juro-te luta sem fim contra todos os teus fantasmas…
Nunca serei aliada dos negros vazios…
Antes ver-me morrer diante o nosso princípio sem fim…


02/12/08
00:38
Adhara


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Renascimento do ar vermelho


Ar transparente…
Que saturas e limitas o meu voo…
Guardo-te debaixo das minhas asas…
A cada suspiro roubo e devolvo a tua alma com maior esperança…
Somo-te a cada sonho meu e liberto-te enfim…
Sussurro-te os meus desejos secretos, mas tu não me libertas…
Não abres essa mão que arde e queima existências…

Na batalha dos sentidos…
Suspirei até não restar sombra de ti…
O foque caiu sobre os sonhos incompletos que perdi no meio de mim…
Sem parar, suspirava pela redenção…
Sustive o meu instinto e apartei-me da tua existência…
És não mais do que uma ilusão vital sobrestimada…
Sou mais e maior que tu, eu sonho… eu sonho…

Consigo anular a gravidade que me prende a este chão morto…
Magia negra dos sentidos, apartei-me de ti ar transparente…
Os meus sonhos são aliados do vento vermelho…
Não mais preciso que entres em mim e me descrevas o que é voar…
Essas descrições aluadas pelo sol desdenhoso que me inquietaram a alma…
Foram grito de revolta para os meus sentidos…

Guardei uma porção de ti em mim…
Como memória de guerreiro das trevas…
Sublimei a tua força no meu voo singular…
Rasguei o teu pergaminho dourado…
Escrevi na mão o que sinto neste voo vermelho…

Não mais descrevam o que é voar, pois hoje eu voei…
Olhei os olhos do céu azul…
Sorri sem te deixar entrar em mim ar transparente
Tu que condenarias as minhas asas à lógica de todos que te respiram…
Irias sussurrar-me as tuas regras douradas e eu iria adormecer mais uma vez…
Acordaria num corpo pouco desperto para a luz…
Marioneta das emoções d’ontem, não mais serei dos meus sonhos d’amanhã!

Em mim não entras mais ar transparente!
Sempre me preenchi contigo…
Corri por caminhos bifurcados para merecer a tua possessão…
Tornei-te instinto, deixei-me embalar pela tua história…
Adormeci… Confiei-me a ti…

Em mim não entras mais ar transparente!
Pois não mais és que fumo negro de fogueira de homens quebrados…
Se és de todos então não te tomo como meu…
Não te roubo dos que te aceitam e amam como és…
De todos aqueles que aceitam cruzar os dias sem roubar-te um voo solitário…

Desperto do velho estado instintivo e condeno-me à loucura dos céus…
Que assim seja, será a minha primeira sensação acordada…
Foste tu que sempre me prendeste as palavras soltas que eu gritava…
Neste instante abandonas o meu corpo de uma vez…

Que desespero é este o de aprender a viver sem o que me alinhava os dias…
Enlouqueço em busca do teu corpo sem silhueta decorada…
Os olhos do céu recaem sobre mim…
Os meus já não se movem na vertical à tua passagem…
Parte do meu corpo treme, ainda dependente de ti…
Resisto e fecho-me a ti ar transparente que me prendes…

As sensações como eu as conhecia cederam ao sono inanimado…
O meu coração grita, esgotando-se na tua procura…
O meu corpo perde a animação de viver…

Eis que consigo olhar para o meu corpo…
Meio incrédula as amarras quebraram-se sem dor…
A dormência do meu espírito abandonou-me por sequência…
Olho para o pouco que fui como escrava…
Da minha mão nasce mais uma lágrima instável…

Os meus olhos fechados, vêem mais agora que as cores se apagaram…
Assimilo à velocidade da luz toda esta sensação associada…
Eis que os olhos do céu, me olham e me guiam à montanha selvagem…
No seu cume o viajante espera e desespera pela minha chegada…

Nas suas mãos encontrei um pedaço de papel amargo…
Quem me escreveria uma carta d’ódio sem selo…
A missão daquele forasteiro era cruzar a minha alma ao passado…

Eu não mais possuía um corpo para chicotear…
Não mais tinha um rosto para chorar…
A minha boca já não tinha o dom de falar o tal dialecto morto…
Os meus olhos já não se prendiam às letras suspensas…

O forasteiro olhou-me e disse:
“Tu não mais existes porque escolheste voar sem o que te alimentava a esperança, quebraste o teu tempo, agora escuta o que os meus lábios vão desenhar em ti, pois este será o nosso último encontro…”

“Nos dias d’ontem...
Pousaste noutro ser semelhante a tua fé despida de medos…
A chave da tua vida, essa deixaste-a na porta…
Foi fácil aprisionar-te em ti, não esperavas que a chave rodasse no silêncio…
Gritaste aos céus por justiça e credos d’antigamente…

Continuaste esse caminho de sonhador…
Olhaste para o verde campo e sentiste nova força…
Ergueste um malmequer perfeito aos teus olhos…
Extasiada pelo seu aroma e feitiço, permitiste-lhe um beijo…
Uma gota do teu sangue caiu suspensa no seu centro…
Manchou a sua existência ilusória e assim ele se desvaneceu diante de ti…
Ilusões de perda, choraste sem saber que nada tiveste de verdade…

A chave que morava no teu bolso esquerdo esfarrapado caiu de novo…
Olhaste em volta, gritaste contra árvores e pedras mortas…
As raízes circundantes haviam traído o teu caminho…
O mundo teria roubado a tua liberdade…
As tuas amarras apartavam-te do voo perfeito…

Os teus sonhos mendigavam pela chave perdida…
Quando te perdeste-te nas ilusões, que a esperança construía na areia…
Ilusões que o mar destruía com armas prateadas à luz do Sol…

O tempo corria e tu partiste o seu ponteiro com as armas do bolso direito…
Não mais podias esperar, o teu momento era o “imediato”…
Gritavas tu, jovem tola intempéria do equilíbrio da paz…
A emoção que te preenchia queimava-te os poros e ardia em desespero…
Sublimou-se num pesadelo, em que a vida era enganada pela morte…
O tempo fugia-lhe das mãos e corria para o abraço da madrasta…
Acordavas na insignificância da tua existência e morrias de imediato…

Em tempos juraste ter sentido demais…
Noutros gritaste não sentir jamais…
Noutros tantos desenhaste o que não conseguirias alcançar…
Nessa corrida tortuosa e infindável afogavas as frustrações do teu olhar cansado…

Foste condenada no dia em que os teus olhos se perderam na floresta…
Viste o fruto proibido, desenhaste-o no teu dia-a-dia…
Tomaram-te como louca perdida de lápis na mão…
Deram-te uma máscara banal e uma alma irrequieta…
Enfeitiçaram os teus sentidos para que te levassem ao caminho dos demais…

Porque quebraste o espelho mágico?!
Porque renunciaste ao fôlego da vida?!
Porque quiseste sobrepor-te ao ar transparente?!
Nunca pousaste o teu gesto nesse indefinido…
Nunca tiveste um abraço para te embalar nesse impasse…
Abdicaste demais neste jogo de emoções…
Porque não adormeceste?! …

As ilusões dos loucos gritam quando eles caem no sono…
Fogem quando a sua existência se cruza…
Tu moldavas os sonhos e lutavas acordada…

Que elixir dos deuses loucos possuías?!
O teu aliado era Fogo ou Terra?!
Usamos armas que separavam a carne dos sentimentos do osso da alma…
A dor cegou-te e guiou-te sem intenção à desistência?!
Não sei que quimera foi esta incerta que te guiou…
Perdoa este teu “apêndice” que arde agora em curiosidade…

Talvez seja hora de me apresentar…
Sou aquele que cedeu aos estímulos mortos…
Sou o teu coração…
O amante perdido da tua alma ( essa que te possuí por completo neste momento)…
Tentei guiar-te à indiferença para me abrires a porta uma vez mais ao meu corpo relativo…
Alma mágica essa que te colocava questões e me levava à exaustão do batimento…
No jogo dos caminhos radiados tu foste mestre suicida…
Os dados cheios do teu sangue já eram cegos e tolos…
Essa que hoje te possui por completo, essa venceu-nos a todos…

O voo solitário é teu…
A tua coragem deu vida às tuas asas…
O teu corpo já não pesa mais sobre os teus sonhos…
A tua esperança soprou-te para longe…
És do tamanho do teu gesto largo…
O ar transparente quebrou-se diante de um eclipse vermelho…

Como teu coração posso dizer-te que fui um fraco guerreiro…
O movimento animado baralhava as minhas certezas…
A minha princesa estava de costas voltadas para os meus sonhos…
O tempo guiou-me ao desespero e eu cedi ao “talvez”…

Enfim a chave abriu a porta secreta…
Tu abriste as tuas asas ao mundo…
A ampulheta perdida anulou-se de vez…
Tens agora o tempo e o gesto nas tuas mãos…
A animação do teu ser é agora controlado pela tua alma…

Cedo-te o seu gesto minha princesa guerreira…
Para me estarem a ler, morri na batalha do sono dos dias…
Nunca quis travar batalha sobre as nossas cabeças…
Mas tu sabes a verdade perdida… tu sabes o nosso propósito minha amada…

Não estás presa ao vivo, apaixona-te pelo morto também…
O tempo parou, olha sem pressas, toca sem correr…

A tua alma transparente no próximo encontro solar vai ganhar cor…
O teu corpo vai ser tomado pelo quente dos dias…
A tua aura vai erguer-se e reinar de novo…
E eu… vou poder enfim dar as mãos à tua alma como sempre sonhei…

A verdade perdida é esta mesmo…
Separamo-nos para que te descobrisses menina…
Entregamos o nosso amor ao incerto em troca desta hipótese…
Condenámo-lo ao destino animado…
Acreditámos que seríamos maiores que nós próprios…

O tempo não corre mais e…
As nossas lágrimas irão fundir-se num nascer de sol perfeito…
Prepara-te para um reencontro lamechas…
À muito que não nos tocamos…

A data… o local… o momento…
Cabe aos teus sonhos e determinação alcançá-los…
Não vivas presa a mais nada, hoje que ganhaste cor…

Que me somes o quanto antes à princesa que possuís como ser…
Que o amor nos una e nos mate juntos…

Obrigado por teres acreditado no “vale encantado” dos sonhos…
Perdoa-me por todo o desespero que te fiz provar….

Já vencemos uma batalha… shhh… és guerreira de luz que voa… ;)

Ass: O teu coração perdido”


Meia perdida, meia extasiada vejo-me ainda vestida de cor pálida…
Os meus gestos ainda meio dismetricos embalam-me…

Vou adormecer…
Não sinto peso ou obrigação…
O “tic tac” parou de vez…
Vou flutuar sobre os sonhos que se escondem dos meus dias…
Irei amarrá-los às minhas certezas…

Vou dar vida ao meu coração com a cor da minha alma…
Vou correr sem parar até juntar aquilo que creio ser…

A cruzada da minha vida……………….
A minha metade… vou agarrá-la…
Vou cruzar-me contigo forasteiro dos meus dias…

Os meus sonhos… esses… já me pertencem !!


Adhara 02:57
26/08/08