segunda-feira, 28 de julho de 2008

Almas de papel...


Procuram-se almas de papel…
Almas dobradas e escondidas de complexos ideais…
Procura-se a indiferença…
Sensações adormecidas e controladas…
Procura-se a mecanização emocional…
Mundo medonho e insípido…
Procura-se tudo aquilo que não aceito ou quero ser…

Eis que olhares recaem sobre mim em busca de plasticina humana…
Eis que juram que me vêem e a venda não cai dos seus olhos…
Eis que choro por ser um objecto inanimado sem alma para os demais…

Folha de papel em branco sujeita apenas a lápis de carvão…
Sem alma ou cor…
Anulam e amordaçam a minha fluorescência…
Tentam amarrar o meu espírito que voa perdido lá em cima…
Asfixiadores de sonhos e gestos largos…
Gritam os adormecidos, que a verdade lhes pertence…

Caminhos tortuosos que sempre percorri com certezas…
Eis que escorrei entre aquele e o outro passo conquistado…
Caio sobre mim mesma e sinto a textura da verdade…
Sangue de vida que mancha os meus gestos…
Vejo-me agora despida de tudo…
Coberta de vergonha pela miragem ter vencido…

O meu reflexo…
A minha voz…
O meu gesto…
Perdidos na relatividade da interpretação mundana…

Eis que desisto de me cruzar com este mundo…
O meu gesto é “este”…
Que se percam ou se encontrem nele…
Hoje fecho-me em mim…

Vou construir um mundo de “faz de conta”…
Onde só eu posso entrar…
Onde as personagens principais serão eternas…
Onde serão minhas e onde poderei chorar com e por elas…

Sensibilidades contornadas e evitadas…
Adulteradas por racionalizações de guerra…
Eis que se enterram as lágrimas…
Que se escondem os gestos…

Castração social ou cobardia individual…
Fico meia perdida quanto ao veredicto…
Sei que “ontem” morri…

O meu coração não ama, não grita, não treme…
A minha alma adormeceu, desistiu, cedeu…
As emoções estão amordaçadas por entre mil traições…
As desilusões de papel foram criadas pelos meus olhos de menina…

Não me olhem…
Não me leiam…
Não me levem…
Não me cativem…
Não me roubem…

Que se ergam muros bem altos entre nós…
Para que quem os vença seja mais que um reflexo dos meus “sonhos de menina”…

Hoje escrevo linhas ímpares…
Asfixiada na individualização emocional…
Amarrada e descrente…
Cansada e de alma no chão…
Não me concedo “uma lágrima”…

Chamo por ti e sorrio…
Por saber que a tua casa é o meu peito…
A tua existência é a minha mente…
E a tua origem é o meu coração…

Por saber que os nossos caminhos se irão cruzar…
Num dia cinzento em que o sol brilhará por entre nuvens incrédulas…
Por saber que tenho de morrer e nascer de novo para te olhar…

Só posso sorrir…
Porque existes e estás à minha espera noutro plano de mim…
Sou ponto de criação das reticências que serei…

Perco-me em erros humanos e odiáveis…
Olho à minha volta e estou rodeada de ideais suspensos…
Fico-me pela intenção, pela voz que se dissipa no vazio da mente…

Grito de guerra…
De ódio contra inércias ” d’ontem”…
Hoje morri…
Hoje morri…

Hoje nasci…
Hoje nasci….

Nova mutação… mais uma pele que assumo como minha…
Perdoem-me os adormecidos que ficam para trás…………

ADHARA
2:15 h

5 comentários:

Anónimo disse...

Adoro-te.

Anónimo disse...

Conquistas a minha admiração todos os dias.

Anónimo disse...

Adoro-te.

Anónimo disse...

Conquistas a minha admiração todos os dias.

lol...

Anónimo disse...

Bem...és um piriquito ou um papagaio? A repetir assim o que os outros dizem...