sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sentimento vivo


Relevos de uma voz de sempre…
Adormecida no seu monótono contorne…
Oscilações animadas, viciadas e acorrentadas a uma causa-efeito prevista…

Anseio quebras que me condenem a rasgos d’emoção…
Sonho lágrimas que irão mutar e moldar o meu rosto cansado…
Prevejo sorrisos de vida e renascimento…

Apenas sei que o negro que carrego no peito vai morrer no caminho…

Quero o dia de amanhã como se fosse o primeiro…
Quero lutar na batalha perdida…
Quero vencer a invisível das vontades…
Quero sentir o último fôlego do gesto interrompido…
Quero sufocar as impossibilidades…
Quero multiplicar-me e encontrar-me de uma vez só…

Que ânsia de viver esta que chama por mim…
Quero saborear o vento na morte do relógio galopante…
Quero sentir esse mar com a minha virgem pele…
Quero soltar os loucos horizontes adormecidos…

Hoje é tempo de vida…
Quero agarrar-me e igualar-me à soma dos meus sonhos ousados e suícidas…
Que o tempo me tome…
Que a vida me agarre…
Que me tentem matar a vontade…
Que morram nessa tentativa…

Que sentimento vivo, este que hoje sinto em mim…
=)


Adhara
28/08/09
16:50

O tal amor...


- A M O R -

Conceito proibido ou sentimento desconhecido?…
Morto de fato vermelho rasgado…
Grito de guerra das ilusões animadas a dois…
Sombra proibida daqueles que ainda sagram o tempo correu…

Na sua espiral mutante…
Perdi-me no seu fim e esqueci o seu início…
Mutações d’ontem pintaram a máscara viva de hoje…

Abracei a demência solitária…
Conquistei a mestria da palavra redonda…
Hoje nada mais sei que descrever a loucura que me move…

A dormência dos meus gestos adormece os meus dias…
O meu corpo morto arrasta a procura de uma vida…
O sonho demente desenhou o oásis de emoção no qual mergulhei…
Apelidei-o de amor por querer sentir hoje e não amanhã…
Tudo aquilo que se lia e via nos filmes de antigamente…

Aquele fogo de gesto único e eterno…
Aquela pertença d’alma…
Aquela intensidade insane e proibida…
Aquele abraço único que quebra o tempo…

Mas o tempo foge-nos das mãos, a outros pertence…
Entreguei-me cedo ao oásis que não me pertencia…
Todos os meus sonhos de menina morreram naquelas areias vermelhas…
Porque numa ode perfeita ao amor, quis enganar a minha alma…
Fechei os olhos, criei a ilusão perfeita e chutei o tempo…

Foi naquele dia de chuva que me quebrei…
Não mais as palavras de mel me salvariam…
Os oásis secam, dilaceram os corações dos que loucos que tudo querem…

Sonhadora sempre fui…
Louca apressada pela sensação de te sentir…
Quis desenhar a obra de uma vida, quando ainda não sentia as minhas cores…

Os relevos que hoje brilham em mim…
Nada mais são que sombras de lágrimas vermelhas…
Essa essência do amor que jurei sentir…
De alma dormente e pele adormecida…
Vivo espectadora das personagens animadas…

Escrevo e reescrevo sobre dores e pesares d’ontem…
Culpas antigas e revividas a cada dia…
Sem entender a temporalidade da minha existência….
Viverei sempre nesta inquietude agitada…

Quis dar o passo de uma vida de uma vez só…
Por temer esse tempo que corre sem olhar para trás…
Hoje sem que sem ti nunca conseguirei dá-lo…

Serás tu que irás despertar a minha pele morta de hoje…
Que irás dar cor à minha máscara…
Prova-me que tudo não passou de um labirinto de horror…
Diz-me que não passa de um sonho distante de loucos enamorados…

Conceito morto ou vivo não sei precisar…
Chamem-lhe o que quiserem, ódio até…
Ódio que sinto, ao que a minha pele reclama...
Insanidade talvez, por acreditar num mito desconhecido…

Como os loucos dizem…
Um dia quero amar-te…


Adhara
01:41
26/08/09

As loucuras de sempre...


De entre todas as loucuras elegi a minha…
Sem passo certo ou ideia fixa…
Agarrei-a e hoje vivo por ela…
[tentativa inóspita esta de tentar ser feliz…]

Não ousei no sonho…
Não quis vencer a velocidade…
Não quebrei o medo das loucuras da terra e do ar…
Não dei palco à minha voz ou casa às minhas palavras…
Não prendi as memórias num papel de fotografia amachucado…
Não quis ter cor para não ser um alvo vermelho…
Não quis mais do que a minha sombra quieta permitia neste tempo…
Não ousei sequer acreditar em mim…
Não ousei olhar para ti uma segunda vez…

Vivi criando traços redondos no que os meus olhos abraçavam…
Cresci imaginando histórias que não a minha…
O meu corpo descansa num tempo que não lhe pertence…
A minha alma pede quebra de inércia deste corpo que rejeita…

Acreditei cedo demais…
Quando ainda não reconhecia a mentira da face…
Quebrei-me antes de construir a verdade…
Talvez por isso tenha guardado os sonhos de papel para depois…
Guardei-os tempo demais…
Hoje são maiores que eu e engolem-me a cada segundo…

Não consigo mais descansar ou parar…

Nesta fuga d’emoções sinto-me tão longe da minha loucura…
Tremo na sequenciada procura da minha essência…
Existem rochas azuis sobre a minha negra demanda…

Terei eu perdido a capacidade de me libertar?
Os olhares indiscretos, hoje são avaliados e pesados de imediato…
Não deixo que sombras pairem sobre os meus pensamentos…
Se tu és uma sombra, de certo fugirei de ti…
Não mais vou cair em crenças de menina que acredita…
Máscaras de lágrimas protegem-me do que não consigo controlar…
O que me destruiu, hoje protege-me…
Hoje me isola…
Hoje me aparta do sonho…
Hoje me asfixia…

Se o fogo que te grita ultrapassa o que o teu coração transparece…
Não mais poderei unir o meu gesto ao teu…
Pois anseio gritos ímpares, assimetricamente loucos…

No meu tempo passado relativo…
Errei temendo o que se assemelha às sombras hoje reconhecidas…
Hoje o gesto está sublimado, crescido e feroz…
Ninguém sabe reconhecer o meu medo inseguro…
Pintam-me com cores que não as minhas…
Gritam pelo pior que mora em mim…
Fazem explodir a dor d’ontem em vez do sentimento de hoje…

Caminho para trás…
Até onde não me possam tocar mais…
Hoje temo o dia de hoje, de amanhã, pelo dia d’ontem…

Queria tanto que me lessem…
Não qualquer um que pensa saber ler…
Tu, sim queria que me lesses…

Pára de me catalogar…
De me limitar a um molde no qual não nasci…
Somos tão disformes, porque não aceitá-lo de uma vez?

Os meus defeitos ganham terreno dia para dia…
Não permito um salto largo…
O nervosismo, a ânsia consomem-me…
Não sei pelo que tanto corro…
Mas o sangue já se manifesta na minha boca…
Sem conseguir cair em teus braços corro mais um pouco…

Sempre as mesmas espirais…
Sempre os mesmos motivos de blá blá blá…
Estou farta das minhas queixas de menina adormecida…
Cansei de esperar que me aceitem sem que eu me aceite…
Eu não vou gostar do meu reflexo neles, mas sim do meu reflexo em mim mesma…
Deixemos os fantoches que amo viver a meu lado até que um dia despertem…

Que o tempo corra…
Que as lágrimas se chorem…
Que os sonhos se realizem…
Que se quebre o tempo e se solte a emoção…

Desculpa meu amor…
Hoje não escrevo sobre ti…
Ou sobre tudo o que sinto e desespero sentir contigo…
Hoje não esperes por mim…
Vou descansar num sono profundo, para amanhã viver acordada…
Hoje … deixei de correr no teu “encalço”…
Vou amar a minha loucura…

Hoje sinto que a minha loucura é não mais do que tentar a cada dia ser feliz…
Como os guerreiros que amam…
Como os tolos que pensam amar…
Como os que nada sabem e pensam tudo saber…
Como os ocos e como os plenos…

Quero saborear na minha boca cada emoção…
É isso que prometo a mim mesma…
Uma oportunidade de tudo…
Sinto-me pequenina de novo…
Porque no fundo aquele mar trouxe-me de volta…

Pois ele gritou tudo por mim…
Todas as preces esquecidas…
Todos os gritos silenciados…
Todas as lágrimas ganharam vida na sua imensidão…

Sinto-me simplesmente liberta…
É como me sinto, nada mais.


01:43
21/09/09

- Adhara -